Scholarly article on topic 'Prevalence and factors associated with stunting and excess weight in children aged 0‐5 years from the Brazilian semi‐arid region'

Prevalence and factors associated with stunting and excess weight in children aged 0‐5 years from the Brazilian semi‐arid region Academic research paper on "Educational sciences"

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OECD Field of science
Keywords
{Child / "Body weights and measures" / Height / Anthropometry / Prevalence / "Nutritional transition" / Criança / "Peso e medidas corporais" / Estatura / Antropometria / Prevalência / "Transição nutricional"}

Abstract of research paper on Educational sciences, author of scientific article — Clariana V. Ramos, Samuel C. Dumith, Juraci A. César

Abstract Objective To analyze the prevalence of excess weight and low height, and identify associated factors among children younger than five years. Methods Cross‐census study. A total of 1,640 children from two municipalities in Piauí, Brazil were included. Results The prevalence of low height was 10.9% (95% CI: 9.3 to 12.4), inversely associated with mother's younger age and low level of education, lower socioeconomic status, mothers who had fewer than six prenatal consultations, and households that had more than one child younger than 5 years. Excess weight prevalence was 19.1% (95% CI: 17.2 to 21.0), and remained inversely associated with lower maternal age, low maternal education, and cesarean delivery. Stunting was greater in children aged between 12 and 23 months, while excess weight decreased with age. Conclusions It is noteworthy that the stunting rate, although decreasing, is still high, while the prevalence of excess weight, even in this very poor area, already exceeds the expected percentage for a population with better socioeconomic level. Resumo Objetivo Analisar a prevalência de excesso de peso e déficit de altura e identificar fatores associados entre menores de cinco anos. Métodos Estudo censitário transversal. Foram incluídas 1.640 crianças de dois municípios do Piauí, Brasil. Resultados A prevalência de déficit de altura foi 10,9% (IC95%: 9,3‐12,4), inversamente associado com menor idade e escolaridade materna, menor condição socioeconômica, mães que fizeram menos de seis consultas pré‐natal e se nessas casas havia mais de uma criança menor de cinco anos. O excesso de peso teve prevalência de 19,1% (IC95%: 17,2‐21,0) e manteve‐se inversamente associado com menor idade da mãe, baixa escolaridade materna e parto cesáreo. O déficit de altura foi maior para crianças entre 12 e 23 meses, enquanto o excesso de peso diminuiu com a idade. Conclusões Destaca‐se que o déficit de altura, embora esteja diminuindo, ainda é elevado, enquanto a prevalência de excesso de peso, mesmo nessa área muito pobre, já supera o percentual esperado para uma população com melhores condições socioeconômicas.

Academic research paper on topic "Prevalence and factors associated with stunting and excess weight in children aged 0‐5 years from the Brazilian semi‐arid region"

J Pediatr (Rio J). 2015;91(2):175-182

Jornal de

Pediatría

www.jped.com.br

ARTIGO ORIGINAL

Prevalence and factors associated with stunting and excess weight in children aged 0-5 years from the Brazilian semi-arid region*

Clariana V. Ramos*, Samuel C. Dumith e Juraci A. César

CrossMark

Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS, Brasil Recebido em 17 de fevereiro de 2014; aceito em 2 de julho de 2014

KEYWORDS

Child;

Body weights and measures; Height;

Anthropometry; Prevalence; Nutritional transition

Abstract

Objective: To analyze the prevalence of excess weight and low height, and identify associated factors among children younger than five years.

Methods: Cross-census study. A total of 1,640 children from two municipalities in Piauî, Brazil were included.

Results: The prevalence of low height was 10.9% (95% CI: 9.3 to 12.4), inversely associated with mother's younger age and low level of education, lower socioeconomic status, mothers who had fewer than six prenatal consultations, and households that had more than one child younger than 5 years. Excess weight prevalence was 19.1% (95% CI: 17.2 to 21.0), and remained inversely associated with lower maternal age, low maternal education, and cesarean delivery. Stunting was greater in children aged between 12 and 23 months, while excess weight decreased with

Conclusions: It is noteworthy that the stunting rate, although decreasing, is still high, while the prevalence of excess weight, even in this very poor area, already exceeds the expected percentage for a population with better socioeconomic level.

© 2014 Sociedade Brasileira de Pediatria. Published by Elsevier Editora Ltda. All rights reserved.

DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.07.005

* Como citar este artigo: Ramos CV, Dumith SC, César JA. Prevalence and factors associated with stunting and excess weight in children aged 0-5 years from the Brazilian semi-arid region. J Pediatr (Rio J). 2015;91:175-82.

* Autor para correspondencia.

E-mail: claryvitoria@hotmail.com (C.V. Ramos).

2255-5536/© 2014 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

Prevalencia e fatores associados ao déficit de altura e excesso de peso em criancas de 0 a 5 anos do semiárido

Resumo

Objetivo: Analisar a prevalencia de excesso de peso e déficit de altura e identificar fatores associados entre menores de cinco anos.

Métodos: Estudo censitário transversal. Foram incluidas 1.640 criancas de dois municipios do Piauí, Brasil.

Resultados: A prevalencia de déficit de altura foi 10,9% (IC95%: 9,3-12,4), inversamente asso-ciado com menor idade e escolaridade materna, menor condicao socioeconómica, maes que fizeram menos de seis consultas pré-natal e se nessas casas havia mais de uma crianca menor de cinco anos. O excesso de peso teve prevalencia de 19,1% (IC95%: 17,2-21,0) e manteve-se inversamente associado com menor idade da mae, baixa escolaridade materna e parto cesáreo. O déficit de altura foi maior para criancas entre 12 e 23 meses, enquanto o excesso de peso diminuiu com a idade.

Conclusoes: Destaca-se que o déficit de altura, embora esteja diminuindo, ainda é elevado, enquanto a prevalencia de excesso de peso, mesmo nessa área muito pobre, já supera o percentual esperado para uma populacao com melhores condicoes socioeconómicas. © 2014 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

PALAVRAS-CHAVE

Crianca;

Peso e medidas

corporais;

Estatura;

Antropometria;

Prevalência;

Transicâo nutricional

Introducao

O Brasil passa ainda por um momento de transicao nutricional, caracterizado por reducao marcante na prevalencia da desnutricao e aumento da frequencia do excesso de peso. No entanto, sao raros no Brasil1 estudos que tenham investigado na mesma populacao déficits de altura e excessos de peso entre menores de cinco anos. É importante salientar que tanto os déficits quanto os excessos sao prejudiciais á saúde, causam tanto dano fisico quanto cognitivo ao desenvolvi-mento infantil. Desenvolvimento infantil inadequado afeta o aprendizado e torna a crianca mais propensa a adquirir diversas doenccas, com destaque para as cardiovasculares e metabólicas.1

É necessária a monitoracao antropométrica, visto que a identificaccao precoce tanto de déficit quanto de excesso de peso possibilita intervenccoes com vistas a prevenir alteraccoes no decorrer da vida e possibilitar pleno desenvol-vimento na infancia e nas fases seguinte do ciclo de vida.2

Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde mostram que entre 1996 e 2006 houve queda na prevalencia do déficit de altura para a idade de 13,4% para 6,7% no periodo, enquanto o déficit de peso para a idade caiu de 4,2% para 1,8%.3 Nesse mesmo período, observou-se declínio do déficit de peso para altura de 2,2% em 1996 para 1,5% em 2006 e virtual estabilidade na prevalencia de excesso para esse indicador de cerca de 7% nos dois anos (2004-2006).3 Em síntese, na comparacao do período de tempo avaliado, houve reduccao substancial no risco de desnutriccao infantil no Brasil, sem evidencia de variacao temporal no risco de obesidade.3

A Pesquisa de Orcamento Familiar de 2008-2009, para crianccas menores de cinco anos, aponta a regiao Nordeste como a segunda com maior déficit de peso para a idade (5,9%) do país, só perde para a regiao Norte (8,5%).4 Em relaccao á prevalencia de excesso de peso, oscilou de 25% a

30% nas regioes Norte e Nordeste (mais do que cinco vezes a prevalência do déficit de peso) e de 32% a 40% nas regioes Sudeste, Sul e Centro-Oeste (mais do que dez vezes a prevalência do déficit de peso). O excesso de peso tendeu a ser mais frequente no meio urbano do que no meio rural, em particular nas regioes Norte, Nordeste e Centro-Oeste.4

Considerando os aspectos ambientais apontados como os fatores de maior contribuiçâo no aspecto nutricional, especialmente entre criancas e adolescentes, evidencia-se a necessidade de estudos de base populacional regionalizados que abordem as especificidades e características do contexto de transicâo nutricional que o país vem manifestando.5 Dessa forma, o objetivo deste estudo foi analisar a preva-lência de excesso de peso e déficit de altura e identificar fatores associados entre menores de cinco anos.

Metodologia

Estudo censitário, transversal, integrante do projeto denominado Saúde de Menores de Cinco Anos e de Adolescentes Residentes nos Municipios de Caracol e Anísio de Abreu, PI. Os municípios de Caracol e Anísio de Abreu localizam-se ao sudeste do Estado do Piauí. O Piauí é considerado um dos estados mais pobres do Brasil. Sua economia está centrada na agricultura e o índice de desenvolvimento humano (IDH) é de 0,7.6 7

Os participantes elegíveis para a pesquisa foram todas as criancas até 59 meses residentes nas áreas urbana e rural desses municípios entre julho e setembro de 2008.

Devido à necessidade de identificar fatores associados, foi feito um cálculo de tamanho amostral a posteori, visto esta pesquisa nâo ter sido inicialmente delineada com esse objetivo. Como prevalência de excesso de peso (> +1 escore--z para o indicador peso/altura) foram usados 30% e os demais parámetros usados foram os seguintes: erro alfa de

0,05, erro beta de 0,20, exposicoes com variacao de 20% a 80%, frequencia de desfecho entre nao expostos de pelo menos 13% e razao de risco de 1,7. Haveria, assim, necessi-dade de incluir pelo menos 1.293 criancas. Esse valor já se encontra acrescido de 5% para perdas e 15% para controle de potenciais fatores de confusao.

O instrumento para coleta de dados foi constituido de dois questionários sobre a crianca e a mae, aplicados por entrevistadores previamente selecionados e treinados a essa ou á pessoa responsável pela guarda da crianca. Coletaram--se dados sobre as condicoes sociodemográficas, assistencia recebida durante gestacao e parto, amamentacao e uso de servicos de saúde. No momento da entrevista, foi aferido o peso da crianca (balanca portátil com precisao de 100 gramas fornecida pelo Fundo das Nacoes Unidas para Infancia e Adolescencia (Unicef) e altura (estadiometros de aluminio com precisao de 1 mm) ou comprimento (infantometro Harpenden com precisao de 1 mm), esse último se menor de dois anos.

Para a coleta de dados, foram pré-selecionados 14 alunos com ensino médio completo ou graduandos de cursos na área de humanas da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Campus de Sao Raimundo Nonato. Esses alunos foram treinados durante cinco dias consecutivos, oito horas por dia. O trei-namento consistiu de leitura do questionário e do manual de instruccoes, simulaccao de entrevistas e padronizaccao de técnicas antropométricas. Após essa etapa, oito deles foram selecionados e contratados para fazer as entrevistas. Dois graduados em ciencias sociais, e com ampla experiencia nesse tipo de estudo, foram previamente designados como supervisores. O estudo piloto foi conduzido no municipio de Sao Raimundo Nonato, localizado na mesma regiao dos dois municipios incluidos neste estudo.

Foram constituidas duas equipes compostas por um supervisor e quatro entrevistadores. Cada equipe ficou res-ponsável pela coleta de dados em um desses municipios. O primeiro passo foi mapear e numerar as quadras das áreas urbanas e os povoados da área rural. Cada dupla de entre-vistadores percorria todos os domicilios, em sentido horário, em busca de menores de cinco anos. Quando havia na residencia criancas nessa faixa etária, os questionários eram entao aplicados á mae ou á pessoa responsável pela sua guarda.

Esses questionários foram codificados pelos entrevista-dores no fim de cada dia e repassados no dia seguinte ao seu respectivo supervisor, o qual os enviava á sede do projeto. Cada um desses questionários foi revisado e duplamente digitado em ordem inversa, por dois bolsistas. Após a digitacao de cada bloco de 100 questionários, os bancos eram comparados e, se necessário corrigidos. O programa usado para tabulacao dos dados foi o Epi-Info 6.04 (Centers for Disease Control and Prevention (CDC), GA, EUA).8

As variáveis dependentes foram o déficit de altura e o excesso de peso. O déficit de altura para idade (escore-Z < -2), quer seja o comprimento no caso de criancas menores de dois anos (medida aferida com o indivíduo deitado) ou a estatura para crianccas de dois anos ou mais (medida aferida com o individuo de pé), foi avaliado segundo métodos preconizados e registrada em centímetros. A idade da crianca foi calculada em meses. E o excesso de peso (IMC para a idade escore-z > 1).9

As variáveis independentes foram: municipio (Caracol e Anísio de Abreu), área (rural ou urbana), se a mâe tinha companheiro (sim ou nâo), escolaridade da mâe (até quatro anos, cinco a oito anos ou nove anos ou mais), se mais de uma crianca menor de cinco anos no domicilio (nâo ou sim), fez seis ou + consultas pré-natal (sim ou nâo), tipo de parto (normal ou cesariana), amamentacâo exclusiva (< um mês, um a três meses e 29 dias ou >= 4 meses), crianca consultou nos últimos três meses (sim ou nâo) e índice de bens (criado a partir da análise de componentes principais de sete caracteristicas do domicilio e posse de quatro bens domésticos4 e posteriormente dividido em tercis do menor ao maior).

Na análise dos dados, foi usado o programa Stata ver-sâo 11.1. Para as análises brutas e ajustadas, foi empregada a regressâo de Poisson com ajuste robusto da variância. Foi adotado um valor-p de 5% como nivel de significância estatística para testes bicaudais. O modelo hierárquico, criado para a análise multivariável, foi construido com o uso no primeiro nivel dos fatores sociodemográficos (incluindo município, área, idade da mâe, cor da pele mâe e crianca, se tinha parceiro, escolaridade, nivel socioeconómico, número de criancas com menos de cinco anos de idade no domicilio), no segundo nivel a assistência recebida durante a gestacâo e o parto (pré-natal, parto e altura da crianca), no terceiro nivel o padrâo de amamentacâo e dieta (amamentacâo e tempo de amamentacâo) e no quarto nivel o uso dos servicos de saúde (consulta nos últimos três meses com médico e/ou enfermeiro).

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (Oficio número 001/08) e respeitou a resoluçâo vigente para pesquisas com seres humanos. O questionário foi aplicado após a aceitacâo e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelo entrevistado.

Resultados

Foram incluidas no estudo 1.640 criancas menores de cinco anos dos dois municipios. Foram obtidas informales sobre 99% delas em Caracol e 97% em Anisio de Abreu. A taxa global de nâo respondentes foi de 4% (65 em 1.640).

A tabela 1 apresenta a descricâo da amostra. Criancas que pertenciam ao município de Caracol apresentaram maior prevalência (56,6%), suas mâes com idade média de 26,2 anos (dp = 7,3) e com escolaridade até quatro anos (36,5%). Domicilios com mais de uma crianca menor de cinco anos obtiveram uma prevalência de 38,8%. Com relacâo à gestacâo, 78,5% das mâes fizeram seis ou mais consultas de pré-natal, 72,9% tiveram o último filho por parto normal e 55,3% forneceram para a crianca aleitamento exclusivo por menos de um mês. Nos últimos três meses, 46% dessas mâes levaram a crianca para consultar com médico ou enfermeira.

A prevalência de déficit de altura foi 10,9% (IC95%: 9,312,4). Essa prevalência foi maior para criancas cujas mâes tinham até quatro anos de estudo: 13,3% (IC95%1,59-3,96); eram mais pobres: 14,8% (IC95%1,65-3,61); tinham mais de uma crianca menor de cinco anos no domicilio: 13,6% (IC95%1,14-1,99); e o grupo com menor número de consultas pré-natal (< 6): 15,4% (IC95%1,18-2,16) (tabela 2). Na análise ajustada, escolaridade da mâe, índice de bens e número de consultas pré-natal mantiveram-se inversamente

Tabela 1 Descricçâo da amostra de acordo com as características analisada (Piauí, 2010)

associados com o déficit de altura. Número de criançcas menores de cinco anos no domicílio também mostra-se inversamente associado com o déficit de altura. Parto cesáreo, que era um fator de proteçâo, perdeu associacâo e o município de Anísio de Abreu passou a ter uma maior prevalência, quando ajustado para variáveis demográficas e socioeconómicas. Criancças que consultaram nos últimos três meses tiveram associacçâo limítrofe com déficit de altura (p = 0,06). Esse desfecho ocorreu com maior frequência em criançcas entre um e dois anos e foi menor para aquelas com menos de um ano.

O excesso de peso teve prevalência de 19,1% (IC95%: 17,2-21,0) e foi semelhante nos dois municípios. Menor escolaridade materna até quatro anos: 13,1% (IC95%0,35-0,59); menor nível socioeconómico: 11,2% (IC95%0,31-0,53); ter mais de uma crianca com menos de cinco anos no domi-cílio: 16,3% (IC95% 0,63-0,97); e o grupo com menor número de consultas pré-natal (< 6): 13,5% (IC95%0,49-0,88) foram fatores de proteçcâo para excesso de peso na análise bruta. Fazer parto cesáreo apresentou associaçcâo negativa: 26,1% (IC95%1,29-1,94) (tabela 3). Na análise ajustada, área de moradia, cor da pele, número de criançcas menores de cinco anos e consultas pré-natal perderam a associaçcâo. Perma-neceram associados ao excesso de peso maior escolaridade, maior índice de bens e parto cesáreo.

Discussao

Este estudo mostrou prevalências elevadas de excesso de peso e déficit de altura. Associaçcoes importantes como fator de risco foram encontradas, com destaque para déficit de altura com baixo nível de escolaridade da mâe, baixa renda, menor condiçcâo socioeconómica e menos de seis consultas pré-natal. Em relacâo ao excesso de peso. mâe adolescente e parto cesáreo associaram-se a fator de risco e como fator de protecâo baixa escolaridade materna e baixo nível socioeconómico.

A pesquisa apresentou resultados que demonstram certa especificidade pelo fato de terem sido obtidos a partir de uma amostra homogênea de indivíduos de baixas condiçcoes socioeconómicas, oriundos da regiâo semiárida do Piauí, um dos estados com as piores condiçcoes sociais.

O declínio da desnutricâo já está acontecendo nessa regiâo. O déficit de peso para idade foi menor do que 3% (dado nâo apresentado), o que evidencia que os valores estâo dentro da ''normalidade'' e caracteriza a mudanca de perfis epidemiológicos que demarcam a transicâo nutricio-nal, nos quais o problema do déficit nutricional é substituído pelo excesso de peso.5

Como pontos positivos, esta pesquisa abrange uma populaçcâo pouco estudada e muito desfavorecida, pela sua localizacâo geográfica, longe da capital do estado e de difícil acesso. Existem poucos estudos que averiguam extremos antropométricos e, nessa amostra, ainda foram analisadas crianças nos dois extremos: de déficit de altura e de excesso de peso e constatou-se uma fase de transicâo nutricional.

Como limitaçcâo, pelo delineamento transversal do estudo, nâo se pode descartar o fenómeno da causali-dade reversa em algumas associacçoes, como por exemplo, amamentaçcâo e consulta nos últimos três meses.

O déficit de altura encontrado foi de 10,9%, semelhan-temente ao estudo de Saldiva et al.,10 feito no semiárido nordestino do Rio Grande do Norte, com uma prevalência de 9,9%. Os dois retratam as desigualdades socioeconómicas e dificuldade de acesso aos servicços básicos de saúde e de assistência social e tornam essas regioes áreas prioritá-rias para esforcos na normalizacâo desses déficits infantis. As criancas desassistidas dessas regioes tornam-se vulne-ráveis à interrupcâo e/ou retardo de seu desenvolvimento pleno, pois as deficiências nutricionais persistentes na infân-cia comprometem inicialmente o peso e, a seguir, diminuem a velocidade do crescimento e, por fim, a altura.11

Variável N %

Município

Caracol 928 56,6

Anísio de Abreu 712 43,4

Rural 921 56,2

Urbana 719 43,8

Idade da mae

13 a 19 179 10,9

20 a 24 630 38,4

25 a 29 453 27,6

> 30 378 23,1

Tem companheiro

Nao 186 11,3

Sim 1.454 88,7

Escolaridade (anos)

0 a 4 anos 599 36,5

5 a 8 anos 614 37,5

8 ou mais 427 26,0

Índice de bens (tercis)

Menor 549 33,5

Intermediário 545 33,2

Maior 546 33,3

Mais de uma crianca menor de cinco anos no domicilio

Nao 1.004 61,2

Sim 636 38,8

Fez seis ou mais consultas no pré-natal

Nao 352 21,5

Sim 1.288 78,5

Tipo de parto

Normal 1.196 72,9

Cesariana 444 27,1

Amamentacao exclusiva

< 1 mes 871 55,3

1 a 3 meses 462 29,3

> 4 meses 242 15,4

Consulta nos últimos tres meses

Nao 885 54

Sim 755 46

Total 1640 100

Tabela 2 Análise bruta e ajustada do déficit de altura com as demais variáveis (Piauí, 2010)

Variável Déficit de altura (%) Análise bruta Análise ajustada

RP (IC95%) Valor p RP (IC95%) Valor p

Municipio 0,22 0,05

Caracol 10 1 1

Anísio de Abreu 11,9 1,19 (0,90-1,58) 1,34 (1,01-1,79)

Área 0,23 0,27

Urbana 9,8 1 1

Rural 11,7 1,19 (0,89-1,59) 0,84 (0,62-1,14)

Idade da mae 0,82 0,87

13 a 19 10,2 1,05 (0,61-0,79) 0,91 (0,53-1,59)

20 a 24 11,7 1,19 (0,82-1,74) 1,07 (0,72-1,60)

25 a 29 10,9 1,12 (0,74-1,68) 1,11 (0,74-1,69)

> 30 9,8 1 1

Tem companheiro 0,16 0,06

Nao 13,9 1,33 (0,89-1,97) 1,44 (0,98-2,11)

Sim 10,5 1 1

Escolaridade (anos) < 0,001 0,04

0a4 13,3 2,51 (1,59-3,96) 1,84 (1,15-2,94)

5 a 8 12,3 2,31 (1,46-3,65) 1,77 (1,10-2,86)

> 9 5,3 1,00 1,00

Índice de bens < 0,001 0,01

(tercis)

Menor 14,8 2,45 (1,65-3,61) 1,94 (1,30-2,91)

Intermediário 11,6 1,92 (1,28-2,90) 1,63 (1,07-2,49)

Maior 6,1 1 1

Mais de uma crianca 0,004 0,02

menor de cinco

anos no domicilio

Nao 9,1 1 1

Sim 13,6 1,50 (1,14-1,99) 1,37 (1,03- 1,82)

Fez seis ou mais 0,002 0,04

consultas no

pré-natal

Nao 15,4 1,60 (1,18-2,16) 1,37 (1,01- 1,84)

Sim 9,6 1 1

Tipo de parto 0,04 0,68

Normal 11,9 1 1

Cesárea 8,1 0,69 (0,48-0,98) 1,08 (0,75- 1,55)

Amamentacao 0,24 0,69

exclusiva (meses)

< 1 11,7 1,52 (0,94-2,45) 1,21 (0,76- 1,95)

1 a 3,9 10,8 1,40 (0,84-2,35) 1,12 (0,67- 1,68)

> 4 7,7 1 1

Crianca consultou nos 0,11 0,06

últimos tres meses

Nao 9,7 1 1

Sim 12,2 1,25 (0,95-1,66) 1,30 (0,99- 1,72)

RP, razao de prevaléncia.

Foi encontrada associacao entre déficit de altura com baixa escolaridade da mae. Em Pernambuco, o déficit de estatura foi de 8,7% em 2006, o qual também apresentou associacao com menor escolaridade materna.11 A escolari-dade materna tem sido apontada como fator associado ao crescimento infantil.12,13 No estudo de Menezes et al. foi identificado que filhos de maes com menos de quatro anos de estudo tém chance duas vezes maior de ficar com déficit de estatura.14

A forma com que a mae dedica sua atencao aos filhos, tanto diretamente como por meio de cuidadores, assim como seu acesso aos servicos de saúde, é influenciada pelo nível de escolaridade. A mae com maior escolaridade presta assisténcia melhor aos seus filhos devido ao maior conheci-mento e informaccao, assim como seu acesso aos serviccos de saúde é influenciado pelo nível de escolaridade.15

Nível socioeconómico (medido pelo índice de bens) apre-sentou associaccao como fator de risco para déficit de altura.

Tabela 3 Análise bruta e ajustada do excesso de peso com as demais variáveis (Piauí, 2010)

Variável Excesso de peso Análise bruta Análise ajustada

RP (IC95%) Valor p RP (IC95%) Valor p

Municipio 19,1 0,99 0,08

Caracol 19,1 1 1

Anísio de Abreu 1 (0,82-1,22) 0,83 (0,68-1,02)

Área < 0,001 0,10

Urbana 24,8 1 1

Rural 14,7 0,59 (0,49-0,73) 0,82 (0,65-1,04)

Idade da mae 0,23 0,02

13 a 19 24,3 1,36 (0,97-1,01) 1,60 (1,14-2,25)

20 a 24 19,5 1,09 (0,83-1,43) 1,24 (0,95-1,62)

25 a 29 17,6 0,99 (0,73-1,33) 1,02 (0,76-1,36)

> 30 17,8 1 1

Tem companheiro 0,63 0,74

Nao 20,4 1,08 (0,79-1,47) 0,95 (0,70-1,28)

Sim 18,9 1 1

Escolaridade (anos) < 0,001 0,04

0a4 13,1 0,45 (0,35-0,59) 0,69 (0,51-0,92)

5 a 8 18,3 0,64 (0,51-0,80) 0,79 (0,62-1,02)

> 9 28,8 1 1

Índice de bens < 0,001 0,001

(tercis)

Menor 11,2 0,41 (0,31-0,53) 0,52 (0,37- 0,73)

Intermediário 18,5 0,67 (0,53-0,84) 0,79 (0,62- 1,02)

Maior 27,7 1 1

Mais de uma crianca 0,03 0,20

menor de cinco

anos no domicilio

Nao 20,9 1 1

Sim 16,3 0,78 (0,63-0,97) 0,87 (0,70- 1,08)

Número de consultas 0,004 0,06

pré-natal (seis ou

Nao 13,5 0,66 (0,49-0,88) 0,76 (0,57- 1,01)

Sim 20,6 1 1

Tipo de parto < 0,001 0,04

Normal 16,5 1 1

Cesárea 26,1 1,58 (1,29-1,94) 1,25 (1,01- 1,55)

Amamentacao 0,06 0,58

exclusiva (meses)

< 1 18,4 0,76 (0,58-1) 0,90 (0,69- 1,17)

1 a 3,9 17,1 0,71 (0,52-0,96) 0,86 (0,63- 1,15)

> 4 24,2 1 1

Crianca consultou nos 0,31 0,52

últimos tres meses

Nao 18,2 1 1

Sim 20,2 1,11 (0,91-1,36) 1,07 (0,88- 1,30)

RP, razao de prevaléncia.

Verifica-se que a diferenca nas prevaléncias de déficit de estatura entre os extremos das classes do poder aquisitivo é de cerca de trés vezes, com concentracao do retardo do crescimento na infancia nos estratos menos favorecidos.11 Neste estudo foi encontrada prevaléncia de déficit de altura aproximadamente duas vezes maior entre os mais pobres em relacao ás chancas com melhor nível económico.

O déficit de altura teve maior prevaléncia quando existia mais de uma crianca menor de cinco anos no mesmo domicilio (13,6% versus 9,1%), o que pode se atribuir ao baixo nível socioeconómico e ao fato de ter que compartilhar os mesmos alimentos com os outros membros da familia. Essas associacoes evidenciam que, mesmo em uma regiao pobre, as crianccas com irmaos menores tém o seu desenvolvimento

físico prejudicado, mesmo após ajuste para outras variáveis socioeconómicas.

Outra associacâo importante encontrada foi a relacâo entre menor número de consultas pré-natal da mâe e baixa estatura da crianca. Isso pode ocorrer devido à importância do período gestacional sobre o desenvolvimento da crianca. Novas evidências reforçam ainda mais a importância do estado nutricional das mulheres e de seu acompanhamento, no momento da concepcâo e durante a gravidez, para asse-gurar o crescimento fetal e o desenvolvimento saudável da crianca, pois 32 milhóes de bebês nascem pequenos para a idade gestacional anualmente, o que representa 27% de todos os nascimentos em países periféricos.1 Esses dados ressaltam a importância do acompanhamento pré-natal para a saúde materna e da crianca.

A prevalência de excesso de peso foi de 19,1%. Há estudos que associam obesidade infantil a diversos desfechos desfavoráveis na vida adulta, com destaque para asma, hipertensâo, diabetes, doencas coronarianas e alguns tipos de cáncer, como, por exemplo, colorretal e de rins.15-17

A maior prevalência do excesso de peso foi na zona urbana (24,8% versus 14,7% na zona rural). Na análise bruta morar em zona rural foi fator de protecâo, que perdeu associacâo na análise ajustada. Tradicionalmente, populacóes que residem no interior, especialmente em áreas rurais, sâo mais susceptíveis a déficits nutricionais, principalmente as criancas. Porém, nos últimos anos, com a reducâo da desnutricâo de forma acelerada e o crescimento da obesidade, essa evidência vem diminuindo,11 como acon-teceu em nosso estudo após a análise ajustada.

As mâes adolescentes (13 a 19 anos) foram mais propensas a ter crianccas com excesso de peso e a escolaridade materna baixa foi fator de proteccâo para esse excesso. Estudos revelam que a idade materna no nascimento da crianca, menor ou igual a 20 anos, seria determinante de sobrepeso.1,17 Podemos destacar que a mâe é o elo entre a crianca e o meio em que vive. Se essa mâe se encontra em uma idade de conflitos, descobertas, transformares, que sâo manifestados na adolescência, eles poderiam refletir também na alimentaccâo e saúde do filho dessa adolescente.

Houve associacâo direta entre excesso de peso e nível económico. Supóe-se que criancas com melhores condicóes socioeconómicas tenham maior acesso a determinados alimentos mais calóricos e, por vezes, mais caros, assim como maior diversidade de alimentos em suas casas. Isso poderia estimular o ganho de peso nesse grupo.

Encontramos também que mâes que fizeram cesáreas apresentaram chance cerca de 60% maior na análise bruta e 25% na análise ajustada de ter filhos com excesso de peso. Resultado semelhante foi verificado no estudo de Xavier et al.,18 em que no grupo de escolares obesos 66,7% referiram ter nascido de parto cesáreo e entre aqueles com sobrepeso 55,6% referiram cesariana.

Com esse estudo podemos concluir que as mudancas ocor-ridas no país ao longo dos anos, como a criaccâo do programa bolsa-família, o reajuste do salário mínimo, a melhoria na distribuiccâo de renda em algumas regióes e outros programas governamentais ajudaram na transformaccâo da economia brasileira. Nesse cenário, observa-se que as pes-soas estâo saindo da miséria e adquirindo mais bens e condiccóes para seu sustento e alimentaccâo, o que pode

explicar a diminukáo da desnutricáo brasileira e o aumento do sobrepeso/obesidade.

Deve-se atentar para esse crescimento económico tam-bém vir acompanhado de políticas públicas voltadas para a educacáo em saúde da populacáo e a implementacáo de programas que incentivem alimentacáo adequada. Conhe-cer o perfil nutricional das criancas dessa regiáo e os fatores associados permite tracar um plano de controle nutricional e orientar essas familias a adquirir hábitos mais saudáveis. Destaca-se que o déficit de altura, embora esteja diminuindo, ainda está alto (10,9%), enquanto a prevalencia de excesso de peso (19,1%) já superou o percentual esperado para uma populacáo normal, que seria de 16%.

Financiamento

A pesquisa teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e das prefeituras dos municípios estudados, Anísio de Abreu e Caracol, Piauí.

Conflitos de interesse

Os autores declaram náo haver conflitos de interesse. Referencias

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