Scholarly article on topic 'Growth of preterm low birth weight infants until 24 months corrected age: effect of maternal hypertension'

Growth of preterm low birth weight infants until 24 months corrected age: effect of maternal hypertension Academic research paper on "Educational sciences"

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OECD Field of science
Keywords
{Child / "Low birth weight" / Premature / "Maternal hypertension" / Growth / Criança / "Baixo peso ao nascer" / Prematuro / "Hipertensão materna" / Crescimento}

Abstract of research paper on Educational sciences, author of scientific article — Alice M. Kiy, Ligia M.S.S. Rugolo, Ana K.C. De Luca, José E. Corrente

Abstract Objective To evaluate the growth pattern of low birth weight preterm infants born to hypertensive mothers, the occurrence of growth disorders, and risk factors for inadequate growth at 24 months of corrected age (CA). Methods Cohort study of preterm low birth weight infants followed until 24 months CA, in a university hospital between January 2009 and December 2010. Inclusion criteria: gestational age<37 weeks and birth weight of 1,500‐2,499g. Exclusion criteria: multiple pregnancies, major congenital anomalies, and loss to follow up in the 2nd year of life. The following were evaluated: weight, length, and BMI. Outcomes: growth failure and risk of overweight at 0, 12, and 24 months CA. Student's t‐test, Repeated measures Anova (RM‐Anova), and multiple logistic regression were used. Results A total of 80 preterm low birth weight infants born to hypertensive mothers and 101 born to normotensive mothers were studied. There was a higher risk of overweight in children of hypertensive mothers at 24 months; however, maternal hypertension was not a risk factor for inadequate growth. Logistic regression showed that being born small for gestational age and inadequate growth in the first 12 months of life were associated with poorer growth at 24 months. Conclusion Preterm low birth weight born infants to hypertensive mothers have an increased risk of overweight at 24 months CA. Being born small for gestational age and inadequate growth in the 1st year of life are risk factors for growth disorders at 24 months CA. Resumo Objetivo Avaliar o padrão de crescimento de prematuros de baixo peso nascidos de mães hipertensas, a ocorrência de distúrbios de crescimento e os fatores de risco para inadequado crescimento aos 24 meses de idade corrigida (IC). Métodos Estudo de coorte de prematuros de baixo peso acompanhados até 24 meses IC, em um hospital universitário, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010. Critérios de inclusão: idade gestacional<37 semanas e peso de nascimento de 1500‐2499g. Excluídas: gestações múltiplas, anomalias congênitas maiores e perda de seguimento no segundo ano de vida. Foram avaliados: peso, comprimento e IMC. Desfechos: falha de crescimento e risco de sobrepeso com 0, 12 e 24 meses de IC. Teste t de Student, X2, Anova‐RM e regressão logística múltipla foram usados. Resultados Foram estudados 80 prematuros de baixo peso nascidos de mães hipertensas e 101 de mães normotensas. Houve maior risco de sobrepeso em crianças de mães hipertensas aos 24 meses, entretanto a hipertensão materna não foi fator de risco para inadequado crescimento. A regressão logística mostrou que nascer pequeno para idade gestacional e ter inadequado crescimento nos primeiros 12 meses de vida associaram‐se com pior crescimento aos 24 meses. Conclusão Prematuros de baixo peso nascidos de mães hipertensas têm risco aumentado de sobrepeso aos 24 meses de IC. Ser pequeno para idade gestacional e ter inadequado crescimento no primeiro ano são fatores de risco para distúrbios no crescimento aos 24 meses de IC.

Academic research paper on topic "Growth of preterm low birth weight infants until 24 months corrected age: effect of maternal hypertension"

J Pediatr (Rio J). 2015;91(3):256-262

ARTIGO ORIGINAL

Growth of preterm low birth weight infants until 24 months corrected age: effect of maternal hypertension^

CrossMark

Alice M. Kiya*, Ligia M.S.S. Rugolob, Ana K.C. De Lucaa e José E. Correntec

a Unidade Neonatal, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, SP, Brasil

b Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, SP, Brasil c Instituto de Biociencias de Botucatu, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Botucatu, SP, Brasil

Recebido em 26 de junho de 2014; aceito em 25 de julho de 2014

KEYWORDS

Child;

Low birth weight;

Premature;

Maternal

hypertension;

Growth

Abstract

Objective: To evaluate the growth pattern of low birth weight preterm infants born to hypertensive mothers, the occurrence of growth disorders, and risk factors for inadequate growth at 24 months of corrected age (CA).

Methods: Cohort study of preterm low birth weight infants followed until 24 months CA, in a university hospital between January 2009 and December 2010. Inclusion criteria: gestational age < 37 weeks and birth weight of 1,500-2,499g. Exclusion criteria: multiple pregnancies, major congenital anomalies, and loss to follow up in the 2nd year of life. The following were evaluated: weight, length, and BMI. Outcomes: growth failure and risk of overweight at 0,12, and 24 months CA. Student's t-test, Repeated measures Anova (RM-Anova), and multiple logistic regression were used.

Results: A total of 80 preterm low birth weight infants born to hypertensive mothers and 101 born to normotensive mothers were studied. There was a higher risk of overweight in children of hypertensive mothers at 24 months; however, maternal hypertension was not a risk factor for inadequate growth. Logistic regression showed that being born small for gestational age and inadequate growth in the first 12 months of life were associated with poorer growth at 24 months.

Conclusion: Preterm low birth weight born infants to hypertensive mothers have an increased risk of overweight at 24 months CA. Being born small for gestational age and inadequate growth in the 1st year of life are risk factors for growth disorders at 24 months CA. © 2014 Sociedade Brasileira de Pediatria. Published by Elsevier Editora Ltda. All rights reserved.

DOI se refere ao artigo: http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2014.07.008

* Como citar este artigo: Kiy AM, Rugolo LM, Luca AK, Corrente JE. Growth of preterm low birth weight infants until 24 months corrected age: effect of maternal hypertension. J Pediatr (Rio J). 2015;91:256-62.

* Autor para correspondência.

E-mail: alicekiy@zipmail.com.br (A.M. Kiy).

2255-5536/© 2014 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

Crescimento de prematuros de baixo peso até a idade de 24 meses corrigidos: efeito da hipertensao materna

Resumo

Objetivo: Avaliar o padrao de crescimento de prematuros de baixo peso nascidos de maes hipertensas, a ocorrencia de disturbios de crescimento e os fatores de risco para inadequado crescimento aos 24 meses de idade corrigida (IC).

Métodos: Estudo de coorte de prematuros de baixo peso acompanhados até 24 meses IC, em um hospital universitário, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2010. Critérios de inclusao: idade gestacional < 37 semanas e peso de nascimento de 1500-2499 g. Excluidas: gestacoes múltiplas, anomalias congenitas maiores e perda de seguimento no segundo ano de vida. Foram avaliados: peso, comprimento e IMC. Desfechos: falha de crescimento e risco de sobrepeso com 0, 12 e 24 meses de IC. Teste t de Student, X2, Anova-RM e regressao logística múltipla foram usados. Resultados: Foram estudados 80 prematuros de baixo peso nascidos de maes hipertensas e 101 de maes normotensas. Houve maior risco de sobrepeso em criancas de maes hipertensas aos 24 meses, entretanto a hipertensao materna nao foi fator de risco para inadequado crescimento. A regressao logística mostrou que nascer pequeno para idade gestacional e ter inadequado crescimento nos primeiros 12 meses de vida associaram-se com pior crescimento aos 24 meses. Conclusao: Prematuros de baixo peso nascidos de maes hipertensas tem risco aumentado de sobrepeso aos 24 meses de IC. Ser pequeno para idade gestacional e ter inadequado crescimento no primeiro ano sao fatores de risco para distúrbios no crescimento aos 24 meses de IC. © 2014 Sociedade Brasileira de Pediatria. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.

PALAVRAS-CHAVE

Crianca;

Baixo peso ao nascer; Prematuro; Hipertensâo materna; Crescimento

Introducao

Dentre as causas de prematuridade destaca-se a síndrome hipertensiva da gestacao, que incide em 5-10% das gestaccoes e apresenta números crescentes nos países em desenvolvimento.1,2 Essa doenca é importante causa de morbidade e mortalidade materna e fetal e uma das principais indicaccoes médicas do parto prematuro, além de associar-se com frequencia á restricao do crescimento fetal.1,3

Prematuros nascidos pequenos para a idade gestacio-nal (PIG) devido á restricao do crescimento intrauterino apresentam maior risco de morbimortalidade neonatal e de distúrbios no crescimento e desenvolvimento quando comparados com os nascidos com peso adequado (AIG).4,5 Outro aspecto preocupante quanto ás consequencias da prematu-ridade ou do baixo peso ao nascer no longo prazo é que o inadequado crescimento fetal e nos primeiros anos de vida aumenta o risco de doencas crónicas como hipertensao arterial, infarto do miocárdio e diabetes na vida adulta.6

Sao escassos e contraditórios os estudos sobre o prognóstico de recém-nascidos de maes hipertensas. Há evidencias de que a exposiccao ao estresse oxidativo intraútero desenca-deado pela doencca hipertensiva materna tem implicaccao na patogenese de várias doenccas do prematuro3 e associando--se á maior morbimortalidade neonatal, embora nao esteja estabelecido se o pior prognóstico desses prematuros é devido á doencca materna ou ao grau de prematuridade.3,7 Por outro lado, alguns estudos nao encontraram diferenccas no prognóstico de prematuros de maes hipertensas8,9 e outros sugerem que o estresse intraútero desencadeado pela hipertensao pode acelerar a maturaccao de órgaos e melhorar o prognóstico de prematuros.10 Estudo recente mostrou que a maioria dos prematuros de maes com

síndrome hipertensiva grave apresenta restriçâo do crescimento intrauterino e faz catch-up completo nos primeiros quatro anos, porém nessa idade essas criancas sâo menores e mais magras em comparacâo com a média populacional.11

A escassez e a falta de consenso nos estudos sobre o prognóstico de prematuros de mâes com síndrome hipertensiva gestacional justificam a necessidade de vigilância das complicaçoes neonatais e o seguimento desses recém--nascidos para o melhor entendimento das repercussoes da doençca materna no crescimento e desenvolvimento deles. Este estudo teve como objetivo analisar o padrâo de crescimento de recém-nascidos prematuros de baixo peso filhos de mâes hipertensas, bem como avaliar a ocorrência de dis-túrbios de crescimento e os fatores de risco para inadequado crescimento aos 24 meses de idade corrigida.

Método

Estudo prospectivo de coorte que envolveu recém-nascidos prematuros de baixo peso egressos da unidade neonatal e acompanhados nos primeiros dois anos de vida no Ambula-tório de Seguimento de Criancas de Baixo Peso ao Nascer da Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp de janeiro de 2009 a dezembro de 2010.

A pesquisa foi aprovada pelo Comité de Ética em Pesquisa da Instituicâo. Os dados maternos e neonatais de interesse foram obtidos dos prontuários médicos na primeira consulta ambulatorial de rotina, após a obtençâo do Termo de Con-sentimento Livre e Esclarecido.

Foi estudada uma amostra de conveniência, que corres-pondeu ao total de pacientes que preencheram os critérios de inclusâo, em um período de dois anos de recrutamento. Aceitou-se a perda máxima de 20% da coorte.

No Ambulatorio de Seguimento de Criancas de Baixo Peso ao Nascer, a partir de janeiro de 2009, foram selecionados no dia da consulta todos os prematuros menores de um ano de idade e incluidos no estudo os que preencheram os seguintes critérios: nascidos na maternidade do servico, de gestacao única e com idade gestacional < 37 semanas, com peso de nascimento entre 1.500 e 2.499 g, sem anomalias congenitas múltiplas e sem infeccao congenita e que tiveram no mínimo tres consultas no primeiro ano de vida. A falta de seguimento no segundo ano de vida foi considerada perda da coorte.

As variáveis de estudo incluíram: dados maternos (idade, escolaridade, estatura e tabagismo); gestacionais (síndrome hipertensiva da gestacao, independentemente do tipo e da gravidade da doenca; diabetes mellitus; restricao do crescimento intrauterino; rotura prematura de membrana pré-termo; sofrimento fetal e tipo de parto); neonatais (idade gestacional, conforme a melhor estimativa obstétrica; peso de nascimento e sua adequaccao para a idade gestacional, conforme Alexander et al.;12 genero; Apgar no 1o e 5o minutos de vida; morbidade neonatal e tempo de internacao). Após a alta foram consideradas as variáveis: aleitamento materno no primeiro ano de vida; hospitalizacao nos primeiros dois anos, medidas antropométricas (peso e comprimento) e índice de massa corporal.

As medidas antropométricas foram obtidas em cada consulta pela equipe médica e de enfermagem fixa no setor e previamente treinada. Os pacientes foram pesados em balanca digital infantil (Filizzola®, SP, Brasil), com precisao de 5 g. O comprimento foi medido em decúbito dorsal, com estadiometro de madeira, ou de pé em régua milimetrada.

Foi usada a idade gestacional corrigida (IC) para todos os prematuros, nos primeiros dois anos de vida. Para acom-panhar o crescimento as medidas antropométricas foram avaliadas pelo cálculo do escore Z, conforme classicamente feito na literatura. A avaliaccao do crescimento foi efetuada por trimestres no primeiro ano e por semestres no segundo ano de vida. Foi considerada a consulta mais próxima da data prevista de avaliaccao, a saber: 40 semanas, tres meses, seis meses, nove meses, 12 meses, 18 meses e 24 meses de IC.

Com base na exposicao ou nao da coorte á síndrome hipertensiva gestacional foram constituidos os grupos de estudo: prematuros de maes hipertensas e prematuros de maes normotensas. Os desfechos de interesse foram: falha do crescimento ou risco de sobrepeso aos 12 e 24 meses de idade, conforme a curva de crescimento da OMS (2006).13

Definicoes adotadas no estudo

- Síndrome hipertensiva da gestacao: pressao arterial de 140/90 mmHg ou mais, em duas ocasioes, com intervalo > 4 horas, conforme o critério do Report of the National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Pregnancy.14 A hipertensao diagnosticada após a 20a semana de gestaccao e associada com proteinúria (> 300 mg em urina de 24 horas) caracterizou a pré-eclampsia.

- Pequeno para idade gestacional: peso de nascimento < percentil 10 conforme Alexander et al.12

- Falha de crescimento: peso ou comprimento abaixo do percentil 3 na curva da OMS (2006).13

- Magreza: IMC > percentil 0,1 e<percentil 3da curva da OMS (2006).13

- Risco de sobrepeso: IMC > percentil 85 e < percentil 97 conforme a curva da OMS (2006).13

Análise estatística

Os dados foram descritos com o cálculo da distribuicâo de frequências, médias e desvios padrâo, medianas e percentis. As associacoes entre variáveis numéricas foram investigadas pelo teste t de Student ou Mann-Whitney quando indicado e para as variáveis categóricas foi usado o teste do qui--quadrado.

Anova-RM seguida pelo teste de Tukey foi empregada para comparacoes múltiplas entre os grupos e o teste do qui-quadrado de tendência foi usado para avaliar mudanca de proponcóes no tempo, estratificada a amostra conforme hipertensâo materna e adequacâo do peso ao nascer para idade gestacional.

Os desfechos de interesse foram analisados por regressâo logística em medidas repetidas. Foi usado o programa SAS for Windows v.9.2 (SAS Institute Inc, NC, EUA). Em todas as análises o nível de significância foi de 5%.

Resultados

De janeiro de 2009 a dezembro de 2010 nasceram na Maternidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp 241 prematuros elegíveis para o estudo. Dentre esses, ocorreram três óbitos intra-hospitalares e 238 foram encaminhados para seguimento no Ambulató-rio de Baixo-Peso, porém em quatro casos a consulta nâo foi agendada (2%). Assim, 234 prematuros elegíveis foram matriculados. Desses nâo foram incluídos 40 gemelares e 13 prematuros malformados. Entâo a coorte foi constituída por 181 prematuros, 101 filhos de mâes normotensas e 80 de mâes hipertensas, das quais 63 (80%) apresentaram pré--eclampsia.

No fim do primeiro ano de vida foram avaliados 69 prematuros de mâes hipertensas (86%) e 84 prematuros de mâes normotensas (83%). Aos 24 meses foram avaliados 149 prematuros. A perda da coorte foi de 15% no grupo das hiper-tensas e 20% no grupo das normotensas. Nâo houve diferenca nas características neonatais dos prematuros seguidos até 24 meses comparados com os que perderam o seguimento, exceto a idade gestacional, que foi menor na perda da coorte no grupo das normotensas (32 ±2 semanas versus 33 ±2 semanas nos demais grupos; p = 0,035).

A idade média materna foi de 25-26 anos, estatura média de 1,59 m e 40% das mâes tinham apenas o ensino fundamental, sem diferenca entre os grupos. Rotura prematura de membranas foi mais frequente no grupo das normoten-sas (41% vs. 2,5%; p< 0,001), enquanto que o parto cesáreo predominou nas hipertensas (82% vs. 40%; p < 0,001).

A tabela 1 apresenta as principais características neo-natais. Destaca-se nessa tabela o elevado percentual de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional nos dois grupos de prematuros e também a elevada frequência de aleitamento materno na alta. O aleitamento exclusivo foi mais frequente no grupo das normotensas (p = 0,033).

No seguimento ambulatorial, durante os primeiros dois anos de vida, poucos prematuros necessitaram de hospitalizacâo (2%) e a incidência de intercorrências foi

Tabela 1 Características neonatais dos prematuros de baixo peso de maes hipertensas e normotensas

Variáveis neonatais Hipertensas(n = 80) Normotensas(n = 101) Valor de p

Idade gestacional (sem) ± DP 33 ±1,9 33 ±2 0,437

Peso nascimento (g) ± DP 1.754 ±303 1.839 ±301 0,061

Comprimento (cm) ± DP 41,5 ±2,4 42,2 ±2,4 0,087

Perímetro cefálico (cm) ± DP 30,2 ±1,8 30,1 ±1,8 0,572

Pequeno para idade gestacional 51% 40% 0,157

Seio materno exclusivo na alta 54% 69% 0,033

Aleitamento misto na alta 22,5% 21% 0,782

Dias de internacao (md Q1-Q3) 15 (9,5-23) 13 (7-23) 0,769

DP, desvio padrao; md, mediana; Q, quartil.

= 0,456

p = 0,456, ■

p = 0,116 /

3 6 12

IC (meses)

p = 0,333

-Hipertensa

---Normotensa

Figura 1 Evolucao dos escores Z de peso nos prematuros de maes hipertensas e normotensas até 24 meses IC.

§ -1,5 s

✓ "p"= 0,406 p = 0,681

✓ /p = 0,584 X /

l¡ p = 0,563

/ -Hipertensa

/ ---Normotensa

p = 0,0^9 /

3 6 12

IC (meses)

Figura 2 Evolucao dos escores Z de estatura nos prematuros de maes hipertensas e normotensas até 24 meses IC.

p = 0,302

baixa em ambos os grupos. A anemia foi o problema mais frequente, diagnosticado em 8% da amostra, sem diferenca entre os grupos. O padrao alimentar dos prematuros, monitorado pela equipe médica com apoio de uma nutricionista, foi considerado satisfatório no primeiro ano de vida, com alta taxa de aleitamento materno exclusivo ou predominante (2/3 da amostra nos dois grupos) nos primeiros seis meses de vida. Nos prematuros de maes hipertensas a mediana do tempo de aleitamento materno foi de 6,5 (3-12) meses e no grupo das normotensas foi de 6 (3-11,5) meses.

Nos dois grupos de prematuros as curvas dos escores Z| de peso e comprimento foram superponíveis nos primeiros dois anos de vida (figs. 1 e 2).

A tabela 2 mostra os valores médios dos escores Z para peso, estatura e IMC e a frequencia de distúrbios do cres-cimento ao termo, com 12 e 24 meses de idade corrigida. Destaca-se nessa tabela o maior percentual de prematuros de maes hipertensas com IMC >85 aos 24 meses de idade corrigida (tabela 2).

Para determinar se a síndrome hipertensiva gestacional é fator de risco para distúrbios no crescimento de prematuros de baixo peso, foram construidos modelos de regressao logística, controlados pela idade gestacional e sexo, incluindo hipertensao materna, adequacao do peso ao nascer para idade gestacional e efeito do tempo na evolucao das medidas antropométricas.

A regressao logística mostrou que a hipertensao materna nao foi fator de risco para inadequado crescimento em peso (OR = 0,47; IC95%: -0,10; 1,05) e comprimento (OR = 0,20; IC95%: -0,29; 0,69) aos 24 meses de idade corrigida. Foram identificados dois fatores de risco para distúrbios no cres-cimento aos 24 meses IC: o peso de nascimento pequeno para a idade gestacional (PIG) e o inadequado crescimento no primeiro ano de vida. Nascer PIG aumentou cerca de duas vezes o risco de inadequado peso (OR = 2,36; IC95%: 1,34; 4,14) e comprimento (OR = 2,13; IC95%: 1,30; 3,50). O inadequado crescimento ponderal aos tres meses (OR = 5,89; IC95%: 3,07; 11,30), aos seis meses (OR = 2,95; IC95%: 1,61; 5,45) e aos 12 meses (OR = 2,45; IC95%: 1,45; 4,18) influenciou no peso aos 24 meses IC; enquanto que o inade-quado crescimento em comprimento aos tres meses (OR = 7,12; IC95%: 3,80; 13,35) e aos seis meses (OR = 2,78; IC95%; 1,45; 5,35) foi fator de risco para inadequada estatura aos 24 meses IC.

Discussao

Os principais resultados deste estudo alertam para a maior frequencia de distúrbio de crescimento em prematuros de baixo peso filhos de maes hipertensas, porém o efeito da doenca materna foi indireto. O inadequado crescimento fetal e no primeiro ano de vida foi o fator de risco para

Tabela 2 Valores médios dos escores Z de peso, estatura e indice de massa corporal (IMC) e frequéncia de distúrbios no crescimento ao termo, com 12 e 24 meses de idade corrigida, nos grupos de hipertensas e normotensas

Idade corrigida Variável Prematuro mâe hipertensa Prematuro mâe normotensa Valor de p

Termo (n = 153) Z peso -2,12 ±1,61 -2,53 ±1,55 0,118

H = 69; N = 84

Peso < p5 27% 34% 0,452

Z estatura -2,37 ±1,59 -2,83 ±1,65 0,099

Estat <p5 26% 28% 0,932

Z IMC -1,10 ±1,46 -1,60 ±1,45 0,046

IMC > p85 22% 14% 0,237

12 meses (n = 153) Z peso -0,02 ±1,15 -0,22 ±1,23 0,302

H = 69; N = 84

Peso < p5 7% 9,5% 0,833

Z estatura -0,16 ±1,30 -0,34 ±1,32 0,406

Estat <p5 13,5% 18% 0,607

Z IMC 0,10 ±1,02 -0,03 ±1,18 0,454

IMC > p85 15% 15,5% 0,962

24 meses (n = 149) Z peso -0,06 ±1,03 -0,23 ±1,06 0,333

H = 68; N = 81

Peso < p5 6% 4% 0,866

Z estatura -0,34 ±1,20 -0,26 ±1,10 0,681

Estat <p5 17,5% 12% 0,448

Z IMC 0,23 ±1,03 -0,12 ±1,02 0,044

IMC > p85 27% 12% 0,029

H, hipertensa; N, normotensa.

a ocorréncia de distúrbios no crescimento aos 24 meses de idade corrigida.

No presente estudo, o perfil de crescimento dos prematuros de mâes hipertensas e normotensas foi similar nos dois primeiros anos de vida e considerado satisfatório conforme os padroes da OMS. Há que se considerar que esses prematuros tiveram peso ao nascer entre 1.500 e 2.499 g e constituiram um grupo ainda pouco estudado e cuJo prognóstico de crescimento nâo está bem estabelecido. Um dado importante que pode ter influenciado positivamente nos resultados foi a alta taxa de aleitamento materno na alta hospita-lar, com tempo médio de aleitamento de seis meses em ambos os grupos. A literatura salienta a importância da amamentacâo para prematuros de baixo peso, que proporciona a esses melhor padrâo de crescimento e de desenvolvimento.15

A amostra estudada foi homogénea quanto à idade gestacional e peso ao nascer e pode ser considerada de baixo risco neonatal, exceto quanto ao elevado percentual de prematuros pequenos para a idade gestacional em ambos os grupos (51% e 40% nas hipertensas e normotensas, respectivamente). Esses números sâo encontrados em servicos de assisténcia terciária. É referida na literatura incidéncia de 15 a 50% de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional em gestaçoes complicadas pela hipertensâo.1,16 O comprometimento do crescimento fetal é esperado especialmente na pré-eclâmpsia, devido à fisiopatologia da doenca que envolve alteracâo do fluxo sanguineo placentário.2 Estudo que envolveu gestacoes abaixo de 34 semanas e complicadas pela sindrome hipertensiva mostrou que a alteracâo da Dopplervelocimetria da artéria umbilical aumenta em 2,5 vezes a incidéncia de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional.17

O prognóstico de crescimento de prematuros de maes hipertensas é pouco estudado e os resultados sao controver-sos. Silveira et al. 18 avaliaram 40 prematuros de muito baixo peso de maes com pré-eclampsia e 46 de maes normotensas e mostraram que aos 12 e 18 meses de idade corrigida os prematuros de maes com pré-eclampsia nao apresentaram catch-up do peso, enquanto que o crescimento em estatura e do perímetro cefálico nao diferiu entre os grupos. Os autores atribuíram a falha no crescimento ponderal ao elevado per-centual de prematuros pequenos para a idade gestacional no grupo pré-eclampsia (62% vs. 39% nas normotensas). Estudo recente avaliou o crescimento de prematuros de maes com síndrome hipertensiva e que apresentaram restricao do cres-cimento fetal e mostrou bom prognóstico de crescimento em estatura, com catch-up em 94% das chancas, porém as crianccas tornaram-se mais magras durante os primeiros cinco anos de vida.11

A restricao do crescimento pós-natal é um evento muito frequente em prematuros de muito baixo peso e internados em UTI neonatal, os quais em sua maioria apresentam desaceleraccao do crescimento, com diminuiccao dos escores Z de peso e comprimento entre o nascimento e 40 semanas de idade corrigida.19,20 Coerentemente com essa expectativa, no presente estudo mais de um quarto da amostra apresentou peso abaixo do percentil 5 ao atingir o termo, porém no fim do primeiro ano de vida o peso foi superior ao percentil 5 em mais que 90% dos prematuros nos dois grupos. Semelhante evolucao ocorreu no crescimento em estatura. Esses resultados estao de acordo com os dados de literatura, que mostram que a maioria dos prematuros apresenta catch-up do crescimento e atinge seu canal entre os percen-tis de normalidade nas curvas de referencia até os 2-3 anos de idade.21

Ao analisar a evolucao do IMC, um aspecto importante foi evidenciado aos 24 meses, com maior risco de sobrepeso nos prematuros de maes hipertensas. Nao há dados na literatura para justificar esse resultado. Assim, a hipótese dos autores é que esse achado poderia refletir catch-up exagerado, o qual pode estar associado a complicares futuras, incluindo: obesidade na infancia, adolescencia e idade adulta, bem como risco aumentado de síndrome metabólica.22,23 Os autores sugerem que a hipertensao materna pode ter reper-cussoes no crescimento dos prematuros, que se manifestam no médio ou longo prazo, e alertam para a necessidade do acompanhamento prolongado dessas crianccas. Mais estudos sao necessários para confirmar esses achados.

Como houve maior risco de sobrepeso no grupo das hiper-tensas, a hipertensao materna foi investigada como fator de risco para distúrbios no crescimento aos 24 meses de IC por meio da regressao logística. Entretanto, nesta aná-lise a hipertensao materna nao foi fator independente de risco para distúrbios de crescimento tanto no peso como na estatura. Os fatores de risco identificados foram ser PIG e apresentar inadequado crescimento no primeiro ano, especialmente no primeiro semestre de vida.

Esse estudo tem algumas limitacoes, pois nao foi avali-ada a gravidade da doenca hipertensiva materna e o tempo de seguimento limitou-se aos dois primeiros anos de vida. Entretanto, a amostra estudada foi homogenea, a perda da coorte foi aceitável (< 20%) e os resultados trouxeram novos conhecimentos sobre o crescimento de prematuros com peso ao nascer entre 1.500-2.499 g.

A ausencia de efeito da hipertensao materna no cresci-mento dos prematuros pode ser em parte atribuída ao fato de nao ter sido avaliada a gravidade da doencca materna. Por outro lado, este estudo reforcca dois aspectos que tem sido destacados na literatura: a influencia direta do crescimento fetal no crescimento pós-natal e a importancia dos primeiros anos de vida, período crítico para ocorrencia de catch-up no crescimento de prematuros.21

Kelleher et al. 24 documentaram incidencia de 20% de falha de crescimento em prematuros de baixo peso acom-panhados até tres anos de idade e identificaram como fator independente de risco para falha no crescimento o fato de nascer pequeno para a idade gestacional.

Os resultados mais importantes desse estudo referem--se á ausencia de diferencas no perfil de crescimento de prematuros de maes hipertensas e normotensas nos dois primeiros anos de vida. Entretanto, aos 24 meses os prematuros de maes hipertensas mostraram maior frequencia de sobrepeso, o que pode traduzir um efeito da doencca materna de manifestaccao tardia. Esses dados alertam para a importancia do seguimento das crianccas prematuras de maes hipertensas no longo prazo, pois a adiposidade excessiva no início da vida pode evoluir tardiamente na forma de síndrome metabólica, com repercussoes negativas na saúde do adulto.22,25

Concluindo, prematuros de baixo peso nascidos de maes hipertensas tem risco aumentado de sobrepeso aos 24 meses de IC. Ser pequeno para idade gestacional e ter inadequado crescimento no primeiro ano sao fatores de risco para dis-túrbios no crescimento aos 24 meses de IC.

Conflitos de interesse

Os autores declaram nao haver conflitos de interesse.

Agradecimentos

Agradecemos a toda a equipe médica e de enfermagem que participou do seguimento dos prematuros.

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